data-filename="retriever" style="width: 100%;">Tema central dos últimos noticiários, o Afeganistão tem retratado cenas de violência que nos deixam angustiadas, principalmente em relação a situação das mulheres. Impossível não se chocar com pessoas aflitas no aeroporto internacional de Cabul, fugindo apenas com a roupa do corpo. Um país marcado por guerras e disputas, que apresenta misturas trágicas: armas, fanatismo religioso e uma quase imposição do silenciamento feminino.
Relembrando um pouco da história mais recente desse país, é impossível esquecer de Osama Bin Laden, o qual, através da Al-Qaida assumiu o ataque às torres gêmeas no trágico 11 de setembro de 2001. Evento, aliás, tão marcante que, praticamente, todos nós recordamos onde estávamos e o que fazíamos naquele dia. Invadido, logo após esse episódio, pelos Estados Unidos com o objetivo de "caçar" Bin Laden, trouxe como resultado a derrubada do Talibã naquele momento. No ano de 2011, Barack Obama, na época como presidente, anunciou a morte de Bin Laden.
Após uma sucessão de negociações internacionais, em 15 de agosto último, o Talibã assume o controle do país, deixando o povo em situação de total desespero.
O medo das mulheres nesse território não é em vão. O Talibã defende, claramente, o seu limite de acesso à educação, impondo costumes extremos, tais como o uso obrigatório da burca que, literalmente, dificulta a visão, as quais só podem enxergar através de uma pequena tela à altura dos olhos. A vida sob o comando dos radicais, além de restringir a educação para as meninas, impõe punições brutais, incluindo execuções públicas.
Símbolo pelo direito da educação de meninas, Malala é uma sobrevivente da brutalidade praticada pelos extremistas do Talibã. Sua história ficou famosa quando, ao retornar para casa em um ônibus escolar, foi baleada. Sua narrativa correu o mundo tendo, inclusive, recebido o Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento a sua luta pelo direito a educação. Malala tornou-se um ícone mundial, abordando a importância do empoderamento feminino e emancipação das mulheres por meio do conhecimento. Em seu livro, descreve: "nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar". Basta uma frase do seu livro "Eu sou Malala" para ter uma noção da sua força a qual, certamente, já influenciou a vida de tantas outras. A jovem revela em suas palestras que "antes do Talibã lia livros como Ana Karênina, Leon Tolstói e os romances de Jane Austen". Triste é o destino de um país no qual as pessoas não valorizam os livros, a arte e a cultura.
Esses breves fatos aqui relatados sobre o Afeganistão evidenciam que um mix de intransigência, conflitos étnicos e rixas religiosas são ingredientes perfeitos para as situações dolorosas vivenciadas por esse povo. A tentativa de apagamento das mulheres, que nos faz perder o sono pensando em tamanha opressão, precisa ter um fim, pois nenhuma de nós merece tamanha crueldade.
O mais curioso é que a palavra "talibã" significa "estudante" em afegão. Assim como no Brasil, acreditamos que o direito ao estudo deve ser para todos e todas. Estamos unidas a essas mulheres, desejando que consigam, em breve, além de conquistarem os seus direitos, um pouco de paz e dignidade. Entretanto, como já diria Simone de Beauvoir, "basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados".